Aquela que nasceu para me iluminar,
És tu, meu lindo filho!...”
E Maria se pôs a sorrir e a cantar.
“Das criaturas da terra a que de longe veio
Para o mundo salvar,
És tu, alma minha!” E aconchegando-se no seio,
Maria começou docemente a chorar.
Sob as asas do céu triste, neste momento,
O luar, como uma flor, se abriu em luz.
E a noite desenhou como um pressentimento[1]
A sombra de uma cruz nos seus braços em cruz.
(de Quando vem baixando o crepúsculo, 1945)
[1] PRESSENTIMENTO: previsão de acontecimentos futuros.